Falar do poema "Memória" de Carlos Drummond de Andrade é uma tarefa difícil, haja vista ser ele um dos gênios da literatura brasileira. Entretanto, para quem já passou por um aborto espontâneo fica fácil entender estes versos, e, é nesta perspectiva que vamos compreender o que este poema tem a ver com as mães que perderam seus bebês.
Memória Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão. |
Carlos Drummond de Andrade
Resumidamente, as mulheres que são chamadas "mães de anjos" sabem o que é esse amor que modifica a maneira de perceber e sentir as coisas — que ama aquele bebê que foi perdido (1ª estrofe); e apesar disso, não pode jamais ser esquecido (2ª estrofe); ainda que não sinta o seu toque (3ª estrofe); aqueles poucos momentos vividos, mesmo depois de findos, ficarão para sempre na memória dessas mães —, porque foram lindos (4ª estrofe).
Não é lindo esse poema?
Elaine Rodrigues
Glossário: Olvido: esquecimento
findas: que alcançou o fim.