terça-feira, 25 de agosto de 2015

Desabafo de uma mãe (leitora do blog)



Meu nome é Maiara, tenho 22 anos , sou casada há 2 e tive um aborto espontâneo recentemente, mais precisamente, em Agosto de 2014.
Escrevo aqui para, ao menos tentar, expressar como tenho me sentido depois da perda que tive. Isso porque achei ter superado tudo, mas acabei por chegar à conclusão de que não superei coisa alguma, apenas sufoquei para evitar sofrer ainda mais. Mesmo passando dias chorando e já à beira da depressão, não me entreguei totalmente ao período de luto; e as consequências vieram agora: a dor da perda, a tristeza, o desânimo e a impaciência devido à espera batem agora à minha porta. Por não saber como lidar com isso, resolvi escrever.

Não tenho palavras para descrever o que sinto. Cada dia que passa é uma luta. Parece que ninguém me entende. Ninguém entende o que realmente se passa, ninguém está na minha pele para saber como me sinto. Sempre que “tentam” me ajudar acabam por me dizer algo que me irrita, me fere, me machuca, me dói ainda mais. Coitados! Eles nem sabem o quanto me fazem mal as palavras de “consolo” que me escancaram. Coisas do tipo:
- Virá na hora certa. Se não veio ainda é porque não está na hora, talvez não seja o momento;
- Calma, tenha paciência. Tenha fé! Deus está preparando. Vai te mandar.
E a PIOR DELAS:
- ‘QUANDO VOCÊ FOR MÃE ENTENDERÁ’.

Hora certa?!?
Muito me espanta!
Mas que hora é essa que parece nunca chegar?!
Quem determinou quando deverá ser ou chegar essa hora?!
Calma e paciência?! Já esteve no meu lugar, passou por algo parecido ou então tentou imaginar como é estar na minha pele?... Pois então saiba, calma e paciência são duas coisas bem difíceis de se pedir para ter numa situação dessa. Ou você acha que eu não gostaria de dormir e acordar bem; ser paciente e calma; não chorar ou me emocionar quando vejo coisas banais como simples comerciais de tv que mostram crianças felizes com suas mães? Ou mesmo quando vejo uma mulher grávida com toda a formosura de sua barriga; ou ainda quando vejo uma mãe demonstrando seu amor e carinho incondicionais pelo seu bebê?!

Ter fé? E não tenho? Quer dizer que minha fé não é suficiente o bastante para esperar e crer que Deus me mandará?! Ou não sou digna de que Deus  em sua infinita bondade e amor —,  olhe a meu favor e me conceda o filho(a) que tanto quero e espero?  Sabe, quer dizer então agora que quando você se torna MÃE adquire super poderes?  Querendo dizer nas entrelinhas que só porque não sou mãe, não sei ou não entendo o que você diz? Pode até ser que eu ainda não saiba; afinal de contas minha gravidez nem chegou a tempo do primeiro ultrassom; não pude ouvir o coração do meu tão sonhado e esperado bebê; não pude senti-lo(a) mexer em minha barriga; não tive a oportunidade de...  Enfim, não por forças minhas, mas por forças maiores, não tive tempo suficiente para vivenciar cada emoção que a gravidez proporciona.

Minha gravidez pode ser descrita assim: rápida e passageira, como o vento. Por pouco tempo   pouquíssimo tempo , me senti a MÃE mais feliz do mundo. 

Então é isso! Não pense que eu, “mera humana mortal” não gostaria de ter sentido o que você, mãe, sente e sabe agora. A diferença é que nem tudo está ao nosso alcance, e meu filho(a) escapou por entre meus dedos, aliás, nem ao menos o tive em meus braços. Mas mesmo em tão pouco tempo de vida em meu ventre eu o amei incondicionalmente; sem limite; sem preconceito; somente amei!

Mesmo sem saber como seria, não há um só dia que eu não me lembre; e confesso, alguns dias são bem difíceis. O mundo  as pessoas ao meu redor —, parecem não entender, e,  às vezes, nem eu entendo... mas, não importa. Tem horas que acho que estou ficando louca, e parece que vou surtar de tanto pensar na mesma coisa, bater sempre na mesma tecla. 

Se passaram 05 meses desde a minha perda; mas tem dias que o sofrimento e as lembranças batem tão fortes que pareço estar passando tudo de novo. É como se passasse um filme diante de mim com todos acontecimentos e, por mais que eu tente sair dele, não consigo. 

Tive apoio sim durante essa fase, que ainda assim não deixou de ser pavorosa, assustadora, triste e fria. Pude contar com pessoas de quem nem imaginava receber ajuda, e outras que esperava e não me estenderam a mão. Vou lembrar dessa segunda classe sim, mas da primeira ainda muito mais, e saber que com ela é que posso contar de verdade!

Pude contar também principalmente com o apoio de uma pessoa maravilhosa e muito especial: meu marido, que sempre esteve do meu lado todo o tempo. Sempre do seu jeito, é claro. Mas se preocupava comigo e queria que eu estivesse bem, sempre pensando em mim.  E ele, sempre se fazendo de forte para me apoiar e permanecer ali firme do meu lado, quando na verdade estava morrendo e despedaçado por dentro, assim como eu, sem saber como lidar com tudo que estava acontecendo. Confesso que às vezes, nem eu e nem ele aprendemos como lidar com isso; mas, enfim, vamos levando...

Sabe, muito me indigna saber que existam tantos casos,  que acontecem todos os dias, perto ou longe de nós —,  de monstros, isso mesmo, de ‘monstros’, que não merecem nem ao menos ser chamadas mulheres e menos ainda mães, que cometem atrocidades com seus filhos, sangue do seu sangue, gerados em seu próprio ventre; uma verdadeira benção divina. Espancam até a morte, jogam fora como se fossem um lixo qualquer! Enquanto EU, enquanto nós, lutamos, persistimos, insistimos e fazemos o que for possível para ter esta dádiva tão preciosa que é ter um filho em nossos braços, uma vida gerada dentro de nós, por nós; que, em alguns casos, passam anos de suas vidas tentando engravidar; que se frustram a cada mês em que as regras aparecem.

Indignada sim! Como esses “lixos” jogam fora a oportunidade e o privilégio de serem MÃES! Enquanto nós, lutamos com todas as forças que temos para sermos agraciadas com esse dom maravilhoso e divino  e no meu caso, ainda inexplicável e desconhecido —, que é poder de gerar uma vida tão perfeita e dar à luz. 
E assim, orgulhosamente poder dizer: SOU MÃE.

 Maiara

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Mitos e Verdades sobre A.E.

Confira abaixo os mitos e verdades sobre o aborto natural:
1- Problemas genéticos causam o aborto natural.
VERDADE. A principal e mais forte causa do aborto espontâneo é o erro genético. O número de cromossomos não é o ideal ou os genes daquele bebê foram formados com problemas.
2- Aborto espontâneo é uma defesa do organismo.
VERDADE. Isso porque o aborto natural acontece de forma espontânea no corpo da mulher quando o embrião não tem o número de cromossomos correto para se desenvolver ou tem algum defeito genético.
3- A culpa do aborto é da mulher.
MITO. Quando o aborto acontece, tentamos explicar para a mulher que ela não tem culpa. Nem ela, nem o marido, nem nenhuma briga de casal, tampouco estresse ou trabalho.
4- Mulher estressada pode ter aborto espontâneo.
MITO. De acordo com o especialista, as principais causas do aborto prematuro, que acontece nas oito primeiras semanas, são genéticas.
5- Sangramento após o atraso menstrual pode ser aborto espontâneo.
VERDADE.  Quando a mulher está grávida, dois tipos de sangramento podem acontecer. O primeiro e mais comum é quando o óvulo fertilizado se implanta na parede do útero. Neste caso, a gravidez ocorre normalmente. Mas também existe uma perda de sangue confundida com a menstruação que pode significar um aborto espontâneo.
6- Citomegalovírus e rubéola podem causar o aborto.
VERDADE. Infecções por vírus podem causar o aborto . A mulher pode contrair o vírus no início da gravidez, mas ele só vai causar o abortamento entre a 10ª e 12ª semanas.

Dr.  Eduardo Cordioli - Hospital Israelita Albert Einstein
Fonte: http://gnt.globo.com/