segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Pacto de Silêncio



 Angústia, solidão, descrença, revolta, confusão, vazio...
 É impossível descrever tudo o que uma mulher sente ao encarar a perda da gestação. A gestação que é um  episódio, que deveria ser celebrado com alegria por pais e familiares, se transforma em um pesadelo, que todos querem esquecer.

O obstáculo mais difícil de ser superado, porém, é a solidão. Depois da morte do bebê, um pacto de silêncio impera nas famílias, como se o assunto fosse proibido. Todos têm muito receio de conversar com a mulher e acabar soltando algo que a faria sofrer ainda mais.
“Elas têm que chorar e falar sobre o assunto. A família também é responsável pelo fortalecimento emocional dessa mulher. Eles precisam escutá-la. Nesse ponto, a internet tem sido muito útil às mães que passaram por essa perda. Elas conseguem compreender a dor uma da outra porque viveram histórias semelhantes e se ajudam, de algum jeito”, observa Márcia Rodrigues (psicóloga que estuda o processo de luto dessas mulheres). Mas ela ressalta que o tempo de cada mãe precisa ser respeitado. Se sentir segura para falar no assunto nem sempre acontece de imediato.


O luto de uma mãe que teve um filho natimorto, ou “mãe de anjo” como se chamam, tem particularidades que tornam a perda fonte de questionamento intenso. O bebê já faz parte da rotina e dos planos futuros de toda a família e a expectativa do nascimento é mais forte do que tudo.
Por isso, O luto não precisa ser negado ou condenado. Sentir-se emocionalmente devastado em uma situação como essa é completamente normal, garantem as especialistas. Esse processo faz parte da reestruturação familiar e do recomeço que a mãe precisa enfrentar. É permitido sofrer e chorar, desde que a inércia não tome conta do dia a dia dos envolvidos com a tragédia.
Manter-se ocupada, de alguma maneira, é o primeiro passo para conseguir superar a tristeza. O sentimento de culpa também entra nessa fase. Muitas mulheres acreditam serem responsáveis pela perda. Assim, as consultas com especialistas e médicos acabam se transformando em um alívio, porque agitam a rotina das mães e as fazem deixar para trás esse sentimento de culpa, equivocado.


Se o casal já tem um ou mais filhos, o diálogo sincero deve acontecer. Mesmo que seja dolorido tocar no assunto. Para crianças mais novas, não é necessário dar tantas explicações sobre o que aconteceu. O fundamental é que os pequenos entendam que o bebê, irmãozinho ou irmãzinha, não chegará ao lar da família.

Fonte: http://www.gruposummus.com.br/blog/?tag=maria-manuela-pontes 
(Adaptação de Aborto Espontâneo)