quarta-feira, 15 de junho de 2016

O Deserto do Luto

Imagem: pixabay.com/pt/
Por mais que alguém fale sobre a perda gestacional (seja médico, enfermeiro, pesquisadores),  só compreende afundo esse assunto quem já viveu, dolorosamente.  É uma experiência inimaginável. 

Quem no auge da alegria diante da concepção de um bebê, poderia imaginar perdê-lo antes de nascer?  Ninguém.  Talvez, esta seja uma das razões que faz o aborto espontâneo ser tão incompreendido — muitos não imaginam que isso pode acontecer consigo, por isso, não sensibilizam-se diante da dor de quem vive a perda.  Essa incompreensão torna o luto ainda mais solitário, como um deserto


O Luto após a perda de um bebê que não chegou a nascer, é algo que a sociedade não aceita e não entende.  Se você já passou por isso sabe bem como é:  Assim como um lugar desértico é seco  e  carece de água, onde há o frio intenso durante a noite, ou o calor extremo durante o dia, um local isolado, dessa forma é o luto. Você tem sede de respostas, de compreensão; você sente o calor da revolta, da indignação de ter perdido seu bebê subitamente; a tristeza,  o vazio, os sonhos interrompidos esfriam e enfraquecem sua alma;  você se sente sozinho. Não é nada fácil. 


Há momentos que você pensa que não vai conseguir, as dores e os pensamentos  te sufocam,  mas você se levanta, reagi.  No outro  dia (ou no mesmo dia),  a luta continua, vêm as lembranças, a saudade, as lágrimas... Passam-se dias, semanas, meses e, às vezes, até anos nessa caminhada. E, é nesses momentos você se conhece mais — você percebe que é mais forte do que pensava. Aprende que não existem respostas para todas as perguntas, e mesmo assim, aprende a seguir em frente.  Aprende a acreditar e contar só consigo. Aprende a viver um dia de cada vez.
Oásis. Imagem: pixabay.com/pt/

Aprende também,  que apesar da aparente solidão,  há Alguém  te sustentando — Deus.  Ele é quem te mostra como superar esse deserto.  Então, você percebe que nos desertos da vida também têm oásis que mudam a paisagem, e,  em algum momento, você encontrará o seu.

Elaine Rodrigues

Um comentário:

  1. Boa noite!!! Você descreveu o que passei no início deste ano. Realmente as pessoas não entendem. É um pesar solitário, deserto. Deus e Nossa Senhora foram o meu sustento. No mês de agosto para setembro me vi em luto novamente porque seria a fase final da minha gestação. Fui para um retiro de minha Paróquia e voltei mais fortalecida. Tenho certeza que Deus irá me conceder mais um milagre, um irmaozinho(a) para o meu garotão de 4 anos.
    Um grande abraço e fica com Deus! !!

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